Condenação sem prova é injustiça.

Para condenar uma pessoa, o sistema de Justiça precisa esclarecer o que aconteceu. Essa ponte entre o que diz a acusação e os fatos deve ser construída sobre provas. As provas têm de estar na base de qualquer decisão judicial – sobretudo aquelas que determinam a perda da liberdade de uma pessoa.

Por quê?

Para condenar uma pessoa, o sistema de Justiça precisa esclarecer o que aconteceu. Essa ponte entre o que diz a acusação e os fatos deve ser construída sobre provas. As provas têm de estar na base de qualquer decisão judicial – sobretudo aquelas que determinam a perda da liberdade de uma pessoa.

Como as provas são colhidas e avaliadas no Brasil? Esse processo é equilibrado, técnico e transparente?

Hoje, a maior parte dos processos penais se apoia em provas escassas e de má qualidade, frequentemente colhidas de maneira ilegal e abusiva pela polícia.

Os juízes, ao invés de questionar a fragilidade dos elementos colhidos e proteger os direitos das pessoas acusadas, têm interpretado esses casos de maneira acrítica.

Um estudo da Defensoria Pública do Rio de Janeiro mostra que a palavra dos policiais envolvidos nas prisões em flagrante é a única prova de acusação em 86% dos processos por tráfico de drogas. Em 51% dos casos essa foi a principal prova valorada pelo juiz para condenar os acusados.

Os impactos nefastos dessa máquina de condenações frágeis e injustas são conhecidos.

  • Entre os países com as maiores populações prisionais do mundo, o Brasil é o único que vê a sua taxa de encarceramento crescer exponencialmente. As prisões abarrotadas se convertem em terreno fértil para a ação de facções criminosas.
  • Toda a população sofre as consequências da violação ao direito de defesa, mas sobretudo os jovens pobres e negros das periferias, alvos historicamente preferenciais do sistema de Justiça penal. Seu encarceramento agrava a desigualdade e a violência.
  • Os erros judiciais se multiplicam e as instâncias superiores do Judiciário ficam abarrotadas por decisões passíveis de reforma. Na outra ponta, os policiais percebem que suas práticas, mesmos ilegais e abusivas, são respaldadas pela Justiça.

O projeto Prova sob Suspeita nasce no IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) para produzir e compartilhar conhecimento sobre esse tema e propor mudanças que enfrentem a precariedade das provas produzidas ao longo do processo penal, o desrespeito rotineiro às garantias individuais, e a violência e o racismo que caracterizam o sistema de justiça criminal brasileiro.

Apresentação do caso

A seletividade e a violência não são exclusividade do Brasil. Em 2008, uma ação coletiva desafiou as práticas ilegais da polícia de Nova York, nos Estados Unidos, que conduzia abordagens massivas de pessoas majoritariamente negras e latinas, sem suspeita razoável. Esse processo conseguiu colocar freios legais às abordagens e foi um marco na luta contra a violência policial.

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